Internet: veio para ficar
18/11/2020 19h17
*José Renato Nalini
Havia um preconceito contra a educação à distância. Ela tende a desaparecer, porque se mostrou essencial durante a pandemia. Estamos no país que tem mais de 270 milhões de mobiles, para 212 milhões de habitantes. Não há quem deixe de estar ligado a um smartphone, a um tablet, notebook ou qualquer outra bugiganga eletrônica suficiente a uma série de préstimos, inclusive a comunicação.
É preciso admitir que o serviço prestado à educação pela internet é imenso. Durante o confinamento da pandemia, não fora isso e milhões de alunos ficariam à deriva. Verdade que ainda não há conectividade plena e se acumulem deficiências. Mas internet e aulas presenciais devem conciliar suas estratégias para o ideal de um ensino híbrido.
O Brasil não acordou ainda para a realidade: as aulas prelecionais não seduzem a juventude. A criança ainda consegue permanecer enfileirada durante quatro horas, porque é muito nova para se rebelar. Os jovens não aguentam aulas chatíssimas, repetição de conhecimentos desatualizados, com a disponibilidade das informações online imediatamente obtidas.
O pessoal da educação precisa se conscientizar de que a estratégia TED é muito mais profícua do que o velho sistema, arcaico e superado, de uma aula expositiva proferida por quem nutra a expectativa de um silêncio respeitoso por parte do auditório. Este, após alguns minutos, está viajando pela imaginação. Ou consultando seu celular, para verificar se chegou um whats app.
O conteúdo pela internet é muito mais agradável, atraente e sedutor. Comporta imagem e som. Gamificação a serviço da educação. Propiciar conteúdo de qualidade para a maior parte das pessoas e depois disponibilizar um professor que seja quase um tutor, para interagir individualmente com o educando, é o mais proveitoso.
Além da consciência do pessoal da educação, é preciso cobrar do Estado brasileiro o direito à internet. Ao lado da moradia, da saúde, do saneamento básico e do trabalho, insere-se na relação dos direitos fundamentais aquele de estar conectado com banda larga e equipamento apto a percorrer o mundo. É isso o que o jovem de hoje espera, quer e a que tem inequívoco direito.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020.