Com registros de incêndio quase todos os dias, Bombeiros fazem alerta à população
18/08/2021 17h41
Bombeiros pedem colaboração da população para não atear fogo em lixo, terrenos baldios ou pastagens
EVERTON SANTOS
O interior do estado de São Paulo continua em chamas. O ar seco ainda tem predominado especialmente no centro-norte e oeste paulista e, com os baixos índices de umidade relativa do ar somados ao calor excessivo, os focos de incêndio têm se espalhado rapidamente.
Em Adamantina as ocorrências de incêndio são, infelizmente, uma constante neste período. Na noite deste domingo, mais um registro de fogo em área de vegetação foi contabilizado na cidade, desta vez às margens da vicinal Moisés Justino da Silva. Sem risco às residências, o novo incêndio atingiu grande extensão e ocasionou muita fumaça, que provocou incômodo aos moradores de residências da Estância Dorigo, Jardim Bela Vista e dos Poetas.
Os constantes registros deixam o Pelotão de Bombeiros de Adamantina em estado de alerta. Para minimizar a ocorrência deste tipo de registros e evitar situações de grande potencial de risco, a unidade local faz um alerta à população quanto às atitudes preventivas para evitar esse tipo incidente, preservando o meio ambiente e a saúde pública.
Conforme o 1° Tenente PM Tiago Cardoso Poli, comandante do Pelotão de Bombeiros de Adamantina, a tendência é que os números aumentem neste período devido à junção de fatores como estiagem, calor e o clima seco. Além disso, “a região possui vegetação suscetível a esse tipo de ocorrência, além de ainda persistir a prática irregular de queimadas para preparo do solo para plantio”.
Poli revela ainda ser muito comum, ainda, os bombeiros serem acionados para apagar fogo colocado em lixo e em terrenos baldios. “Colocar fogo no lixo é ilegal, pode gerar multa e qualquer descuido pode provocar um incêndio de maiores proporções”, alerta. “A própria fumaça gerada pela queima do lixo é tóxica e prejudicial à saúde”.
Os bombeiros também recomendam que os moradores de áreas rurais mantenham o terreno sempre limpo e a grama capinada, para evitar a propagação de incêndios.
“Caso qualquer morador aviste fumaça suspeita, pedimos que acionem imediatamente ao Corpo de Bombeiros (193) para que os focos sejam extintos o quanto antes e não se alastre de forma perigosa, ameaçando atingir residências ou redes elétricas”.
De acordo com informações do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), somente neste ano foram registrados 1.857 focos de queimadas em todo o estado, número que já supera os registros de todo o ano de 2019, quando foram 1.390 ocorrências. No ano passado foram registrados 2.205 focos ao longo do ano.
Risco elevado
Na segunda quinzena de julho e primeiros dias de agosto, os moradores da região oeste tiveram que se adaptar a um clima não incomum, inclusive, com geada em zonas rurais. Mas a tendência é de tempo seco e elevação gradual das temperaturas nos próximos dias.
Segundo o Climatempo, o mês de agosto é o mais seco do ano na maior parte do Brasil, incluindo o Estado de São Paulo.
A falta de chuva prolongada deixa o ar e o solo seco. Essa falta de umidade faz com que a vegetação fique muito seca e mais propensa a pegar fogo. Por isso, não apenas o tempo seco, mas a situação de vegetação ressecada facilita a propagação do fogo.
Vale ressaltar que o fogo pode começar por uma bituca de cigarro que foi jogada na mata ou até mesmo um caco de vidro, que concentra o raio solar e queima. Além disso, com a presença de vento, a fagulha de outro incêndio próximo pode iniciar a queimada numa porção de vegetação muito seca.
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Queimadas afetam diretamente o hábito dos animais silvestres
Falta de alimentos, desequilíbrio e risco de extinção, são algumas das consequências das queimadas
EVERTON SANTOS
As queimadas em diversas partes do país têm gerado consequências diretas e indiretas no bioma, incluindo falta de alimentos, desequilíbrio ambiental e risco de extinção de animais. A afirmação é do relatório do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), entidade responsável pela gestão de reservas no Pantanal.
Outro fato que confirma esses reflexos negativos é a presença de animais silvestres incomuns ao bioma da Nova Alta Paulista, inclusive com registros nas áreas urbanas.
No dia 28 de julho, um gavião-pernilongo foi flagrado na sede da Prefeitura de Bastos pelo editor do Jornal Tribuna, Maurício Castelo Branco, que fez uma série de fotos da ave.
Segundo o site wikiaves.com.br, a distribuição geográfica do gavião-pernilongo não inclui o Estado de São Paulo. O Sul do Brasil é de todas as regiões que habita, nas américas do Sul e Central, a mais próxima da nossa, ainda de acordo com o site especializado em aves. No Brasil, também é nativo da Amazônia e de vários estados do Nordeste.
Outras espécies
As mudanças climáticas e prejuízos ao meio ambiente afetam também aos animais nativos. Em julho de 2020 uma capivara foi capturada na região central de Adamantina, depois de invadir uma loja de colchões. O animal silvestre foi solto em uma área de preservação permanente no bairro Aidelândia.
No dia 13 de junho deste ano, um lobo-guará foi resgatado depois de ser atropelado na Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP 294), em Dracena. A fêmea, de uma espécie ameaçada de extinção.
O lobo-guará foi resgatado e transferido para a Associação Protetora dos Animais Silvestres (Apass), em Assis.
Relatório
De acordo com o Relatório do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), assinado pela doutora em Ecologia e Conservação Letícia Larcher e pelo médico veterinário Diego Viana, os animais do bioma podem sofrer com a exposição de predadores, alteração de fauna, flora e alimentos, além de terem mudanças nos padrões de comportamento, migrações e na estrutura alimentar no ecossistema.
Algumas espécies ainda têm o risco de extinção ampliado. “O fogo afeta tanto fauna quanto flora, de formas diferentes. Queimadas nas proporções que tivemos neste ano alteram o habitat”, afirma Larcher.
De acordo com a doutora em Ecologia e Conservação, espécies de plantas podem deixar de existir por um período de tempo, já que cada ser vivo reage diferente após o fogo.
“Por exemplo, uma espécie de planta pode demorar mais para responder quando a chuva chegar do que outras. Um animal que está associado a essa planta, vai precisar de ainda mais tempo para conseguir se adaptar ao local queimado”, conclui.
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Mudanças recentes no clima causadas pelo homem não têm precedentes, aponta relatório da ONU
Influência humana é responsável por alta de 1,07°C na temperatura global, estima relatório do IPCC
Do G1
Mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são irrefutáveis, irreversíveis e levaram a um aumento de 1,07º na temperatura do planeta, aponta o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) publicado na última semana.
É a primeira vez que o IPCC – um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) – quantifica a responsabilidade das ações humanas no aumento da temperatura na Terra.
“Muitas das mudanças observadas no clima não têm precedentes em milhares, centenas de milhares de anos. Algumas das mudanças – como o aumento contínuo do nível do mar – são irreversíveis ao longo de centenas a milhares de anos”, aponta o relatório.
A conclusão é um dos pontos do documento nomeado “Climate Change 2021: The Physical Science Basis”, que revela ainda, como destaque, que as “mudanças recentes no clima não têm precedentes”, bem como o fato de todas as regiões do globo já estarem sendo afetadas por eventos extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento global.
Os dados integram a primeira das três etapas do relatório do IPCC. As duas próximas publicações abordarão como lidar com o aquecimento e quais as estratégias para evitar um aumento ainda maior da temperatura.
foto: Mauricio Castelo Branco/ Jornal Tribuna de Bastos
Jornal Diário do Oeste
Em Adamantina e Região