Secretaria de Agricultura lança publicação sobre derivados de cana-de-açúcar

24/08/2020 17h33

Conteúdo tem informações abrangentes do plantio à colheita do item como matéria-prima para a elaboração de vários produtos

Cumprindo o compromisso de levar tecnologias e conhecimento para os produtores e as famílias rurais paulistas aprimorarem, diversificarem e agregarem valor à produção, ampliando alternativas de renda e emprego, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado lança mais uma publicação.

Escrita por pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e extensionistas da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), a Instrução Prática Produção Artesanal de Derivados de Cana-de-Açúcar disponibiliza um conteúdo amplo e técnico online, que inclui receitas preparadas com melado, rapadura e açúcar mascavo, com conceitos e linguagem acessíveis para todos os públicos: técnicos, produtores e interessados de forma geral.

“Preparamos o material com os conceitos de boas práticas na fabricação de alimentos, os resultados das nossas pesquisas em relação à produção artesanal e as informações das etapas, passo a passo, da fabricação dos derivados e das receitas, as quais foram elaboradas e testadas pela nutricionista e diretora da Divisão de Extensão Rural [Dextru] da CDRS, Beatriz Cantúsio Pazinato, na cozinha experimental da instituição”, explica a pesquisadora Elisangela Marques Jerônimo Torres, que atua no Polo Regional Centro-Oeste da Apta, localizado em Bauru, e coordenou a equipe de autores.

“Nosso objetivo, além de capacitar os produtores rurais é estimular a comercialização e o consumo desses produtos, resgatando o hábito de uma alimentação saudável, com produtos mais naturais, pois tanto a rapadura como o açúcar mascavo e o melado são alimentos de alto valor nutricional, que preservam características do caldo de cana, que é rico em ferroe outros nutrientes”, completa.

Integração

Marco Aurélio Beraldo, diretor da CDRS Regional Bauru, que integra a equipe de autores destaca a importância da iniciativa. “Na Secretaria, temos uma integração entre o trabalho de campo feito pela extensão e a pesquisa, isso se reflete em ganhos, principalmente para os pequenos produtores”, avalia.

“Essa publicação é fruto de mais uma parceria em nossa região, que teve início com uma série de capacitações que foram realizadas nos últimos dois anos, visando à formação de técnicos de várias localidades do estado, que se tornaram multiplicadores de tecnologia do processamento de alimentos, com foco nos derivados de cana-de-açúcar: açúcar mascavo, melado e rapadura, e têm repassado o conhecimento a produtores rurais e suas famílias”, acrescenta.

Uma informação importante a se destacar tanto na elaboração da Instrução Prática quanto na realização das capacitações foi o relevante papel do Departamento de Comunicação e Treinamento (DCT) da CDRS.

“Após de reuniões com os extensionistas e os pesquisadores, entendemos a importância do tema e propusemos a sistematização do conhecimento gerado pela pesquisa em uma publicação técnica, mas com linguagem acessível para diversos públicos, bem como a realização de capacitações para extensionistas de todas as regiões do estado, visando ampliar a difusão das tecnologias geradas”, salienta Ypujucan Caramuru Pinto, assessor do Gabinete do coordenador da CDRS.

Durante anos, ele esteve à frente da direção do DCT, acrescentando que a publicação foi editada pelo Centro de Comunicação Rural (Cecor) e a coordenação geral das três capacitações realizadas em Bauru, envolvendo56 técnicos, ficou a cargo do Centro de Treinamento (Cetate).

Viabilidade da produção

Durante as capacitações, o questionamento mais recorrente foi: a produção dos derivados de cana é viável para os pequenos produtores? Essa pergunta foi respondida por Marco Aurélio e Elisangela, coordenadores técnicos dos cursos.

“Essa produção é uma possibilidade muito interessante de agregação de valor para as pequenas propriedades. Apesar de a cadeia produtiva da cana ter características mais voltadas a grandes áreas e ao setor sucroenergético, existe um grande número de pequenos produtores que atuam na pecuária leiteira, os quais têm cana forrageira na propriedade [para alimentação do gado]. Para esses, a produção dos derivados abre uma possibilidade de alternativa de renda, pois esses alimentos podem ser inseridos nas políticas públicas de compras institucionais, como a da merenda escolar, em diversos formatos e receitas, como bala de rapadura e o melado no café da manhã”, enfatiza Marco Aurélio.

“Fizemos as capacitações para que os pequenos produtores, essenciais na produção de alimentos, possam fazer a agroindustrialização da cana-de-açúcar artesanalmente, visando à sua permanência na atividade agrícola e acesso cada vez maior ao mercado, com produtos de qualidade, fabricados com as Boas Práticas que garantem segurança alimentar aos consumidores. Estamos investindo na multiplicação dos conhecimentos adquiridos, por meio do trabalho dos técnicos das Casas da Agricultura, envolvendo as organizações beneficiadas pelo Projeto Microbacias I, executado pela Pasta, por meio da CDRS, que têm estrutura de salas de beneficiamento e processamento”, diz.

“A cultura da cana-de-açúcar domina a agricultura em grande escala, por isso fizemos pesquisas para avaliar algumas das variedades cultivadas atualmente, fazendo ajustes tecnológicos que otimizassem a produção com qualidade, em escala artesanal”, ressalta Elisangela.

“A tecnologia de processamento dos derivados é relativamente simples, sendo necessário apenas a obtenção de licença de funcionamento, que é efetuada desde que seguidas as orientações da vigilância sanitária; os produtos têm dispensa de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e podem ser comercializados em feiras e outros locais. Por isso, acredito muito no potencial do mercado. Com as capacitações, a publicação da Instrução Prática e tendo os técnicos da CDRS como multiplicadores do conhecimento, poderemos ajustar ainda mais as linhas de pesquisas, que serão estabelecidas em função da demanda dos produtores, trazidas pelos extensionistas das Casas da Agricultura”, pontua a pesquisadora.

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